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Mostrando postagens de junho, 2008

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1) A tese do determinismo é inicialmente simples de se enunciar: todo efeito tem uma causa ou um conjunto de causas e o primeiro é completamente determinado pelas segundas, isto é, tanto a ocorrência do efeito quanto as suas propriedades podem ser explicadas pelas suas causas. 2) A tese do livre-arbítrio afirma que uma ação é livre se ela não é constrangida ou causada.   A incompatibilidade entre as duas teses é patente. A ação humana, sendo ela um evento ou efeito, pelo determinismo, teria uma causa. Um voluntarista defensor da tese 2) afirma que não.   Mas há, então, um problema para o voluntarista: se a ação de um sujeito não é causada, como iremos responsabilizar o sujeito por ela? Precisamos de relações causais que relacionem as intenções do sujeito às suas ações tanto quanto para explicar o movimento da bola de bilhar ao ser atingida por uma outra. Sendo assim, temos: 3) A tese da responsabilidade moral, um sujeito é responsável por uma ação que podemos lhe imputar, isto é, por u

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Trago à baila novamente a questão sobre se há um gênero literário mais apropriado para a expressão da filosofia. Quatro filósofos respondem à questão , lá no final da entrevista, a última. Nenhum deles, é verdade, diz algo de muito interessante ou que já não fosse esperado. Todos parecem estar acomodados com a hegemonia do gênero acadêmico. Apenas um deles nota o hermetismo provocado pelo pedantismo acadêmico. O diálogo é lembrado por Barry Stroud como gênero notável para a expressão filosófica, mas de difícil realização. Curioso nenhum deles ter lembrado do ensaio.  Claro que expressar a filosofia em forma de prosa lhe permite uma articulação maior das idéias e um texto que procura explicitamente apresentar argumentos e justificativas para uma idéia filosófica é, digamos, mais filosófico que um outro que apenas apresenta essa idéia. Mas o que seja uma justificativa também para uma idéia é algo variável. Nada impede que uma idéia moral, por exemplo, seja justificada em um romance por m

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Dilema da amizade. Suponha que você tenha uma informação relevante que, se transmitida a terceiros, poderia evitar com que o seu amigo se ferisse gravemente. No entanto, seu amigo lhe pede que não transmita a informação e enfatiza a confiança que deposita em você, além disso, ele está bem ciente do seu risco. O que você, na qualidade de amigo, faz? Que tem mais importância em uma relação de amizade, o seu afeto pelo amigo, pela vida do amigo, pelo seu bem-estar, ou a confiança sobre a qual a relação se estabelece? Se você transmite a informação e quebra, assim, a confiança do seu amigo, é mesmo possível que a amizade termine, que seu amigo não o perdoe. E, de fato, parece ser difícil ser amigo de alguém em quem você não confia. Mas será a confiança necessária? Por outro lado, se você não transmite a informação e o seu amigo se fere quase mortalmente, não se poderia dizer que o seu apreço pelo amigo era demasiado pequeno a ponto de nem qualificarmos a relação que tinha com ele como a de