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Mostrando postagens de 2007

[79]

Não é pouco comum o depressivo lançar-se mão da idéia não-voluntarista de que lhe é completamente impossível alterar as suas paixões. Seu fado, seu sofrimento, sua depressão são experiências que ele sofre sem qualquer escolha. Ele padece a própria dor, está a ela aprisionado, o que torna o seu martírio ainda maior: como se não bastasse a dor emocional propriamente dita, tem ainda de encarar a sua própria impotência e fraqueza. Embora essa idéia tenha uma boa dose de verdade, o seu exagero torna-se mentiroso. De fato, as paixões, as emoções são fenômenos que padecemos, nos ocorrem. No entanto, se, por um lado, não é possível que tragamos à tona uma paixão diretamente por uma decisão, por uma volição, é, por outro, perfeitamente factível fomentar e causar indiretamente uma paixão ou emoção pelo raciocínio, deliberação ou imaginação, dimensões da mente que estão sob razoável controle da volição. Não é, aliás, por outro meio além da estimulação da imaginação, que a retórica obtém a sua fin

[78]

A segunda coisa que eu procurava fazer era apresentar o pensamento de cada escritor naquela que eu considerava a sua forma mais forte...Eu não dizia, não intencionalmente, o que pensava que um escritor deveria dito, mas antes o que o escritor de fato disse...O texto devia ser conhecido e respeitado, e sua doutrina apresentada em sua melhor forma...Sempre pressupus que os escritores que estudávamos eram muito mais espertos que eu...Se via um erro em seus argumentos, supunha que estes escritores também o teriam visto e teriam por certo se ocupado dele. Mas onde? Eu procurava por sua saída, não pela minha. Por vezes sua saída era histórica: em sua época a questão não precisava ser levantada, ou não surgiria, e não poderia, pois, ser prolificamente discutida. Ou havia uma parte do texto que eu negligenciara, ou não lera. Partia do princípio que jamais havia erros manifestos...Assim aprendemos filosofia...estudando os modelos...O resultado foi que eu relutava em levantar objeções aos modelo

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A Concepção (2006), dirigido por José Eduardo Belmonte, narra a história de um grupo de jovens que, cansados de seus seres e de suas existências entediantes e repetitivas, funda um movimento chamando "concepcionista". O bordão do movimento é ser uma nova fraude a cada dia, inventar e viver uma nova personalidade que não dure mais que 24 horas. A chave para por em prática esse projeto é o hedonismo exagerado. Submergir em prazeres efêmeros, intensos e fugazes, valendo-se de drogas inclusive para ajudar a eliminar a prisão maior do ser: a memória. "Devemos eliminar a memória", diz um concepcionista. A busca incessante pelas múltiplas personalidades resulta da constatação de que "as pessoas estão doentes de si mesmas", há, em todo ser humano, uma angústia por estar preso ao seu ser. O personagem X, que serve de guru ao grupo de jovens e cuja identidade é desconhecida, lança a reflexão inaugural do movimento: "ser sempre o mesmo é como morrer aos poucos.

[76]

Breve consideração sobre as críticas literárias. É importante ficar claro que há pelo menos duas maneiras de tecer um comentário sobre um texto. Uma é a expressão direta do modo como o texto o afeta. Quando apelamos para este tipo de comentário, estamos focando a reação subjetiva diante de um texto. Frases como "gostei!", "achei emocionante", "lindo!" ou mesmo um "genial!", quando não vem acompanhado de uma justificativa que sustente a genialidade, servem para este propósito. Repare, no entanto, que embora esses comentários sejam a expressão de uma reação subjetiva, eles têm um valor objetivo considerável. Há uma grande diferença entre alguém que você considera um tonto dizer que gostou de um determinado texto seu e uma outra pessoa que você considera intelectualmente dizer a mesma coisa. Apesar das reações serem subjetivas, elas são o reflexo da formação e educação que as pessoas tiveram e, por isso, servem, em certa medida, como indicadores obj

[75]

O preceito de que não devemos fazer ao próximo aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco esconde, no fundo, uma fraqueza, o medo de sofrer e ser magoado. A vontade comum de fugir do desprazer dá a forma do referido preceito. Para diminuir a chance de que a dor se concretize, impomos ao outro justamente o dever, a obrigação de não nos ferir. A imposição externa é retoricamente enfraquecida com a concessão ao julgamento interno: cada indivíduo é a media do prazer e desprazer e, portanto, do que devemos ou não evitar fazer ao próximo. Concessão pequena que em nada ajuda para encobrir a monstruosidade do dever imposto. Nietzsche chama essa moral de moral de rebanho , bem e mal demarcados por uma classe de fracos e oprimidos, ressentidos que, para suportar a sua própria fraqueza, denominam "má" a vontade de poder alheia. O preceito de não fazer ao próximo aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco é claramente um preceito de restrição da vontade ou mesmo do desejo, rest

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Personalidade forte não é tanto aquela que vive sozinha em paz, mas sim aquela que não se altera mesmo no convívio em grupo, que resiste tranqüila à pressão para se igualar, se rebaixar. No entanto, de duas uma: ou ela é o líder ao qual os outros membros tentam se ajustar, pelo menos no comportamento externalizado, ou ela terá uma permanência breve no grupo. Não há terceira opção. Grupos não perduram sem um mínimo de uniformalização e massificação, mesmo os mais heterogêneos. E o nó górdio geralmente recai sobre a discórdia moral e emocional.

[73]

Anedota filosófica. Platão estava ministrando a teoria das idéias para os seus discípulos e, ao exemplificá-la, aponta para um copo em cima da uma mesa próxima e diz que, embora possa haver inúmeros copos como aquele, há apenas uma única idéia de copo e a sua existência precede a dos copos particulares. Diógenes, neste momento, se levanta e caminha para a mesa, observa o copo e retruca dizendo que não vê nenhuma idéia de copo no copo. Platão responde que embora ele tenha olhos para ver copos particulares, Diógenes não tem intelecto para ver a idéia do copo. Diógenes, então, olha para dentro do copo e diz que ele está vazio. Depois ele pergunta a Platão de onde viria a idéia de vazio que precede o vazio do copo. Platão ficou a pensar, enquanto isso, Diógenes se aproximou, tocou na cabeça de Platão com o seu indicador e disse, "Eu acho que aqui você vai encontrar O vazio".

[72]

Em [69] e [70] , inquiri, de maneira superficial, a origem do valor da vida. Recentemente, encontrei um texto do Cabrera que leva a questão mais a fundo. Ele faz uma interessante distinção entre éticas afirmativas e negativas. As primeiras tomam como pressuposto o valor da vida, enquanto as segundas vão um pouco mais longe e se perguntam pelo valor da vida, sua origem e se viver é compatível com uma vida ética.

[71]

Irrita-me sobretudo o ateu religioso, o qual não difere em quase nada, na sua forma, do religioso prosélito. Ambos se acham não só no direito, mas no dever de espicaçar a crença alheia com o intuito de lhe incutir a própria. No fundo, é um exercício de vaidade, uma cruzada para expandir-se nas terras mentais do seu vizinho, um desejo de se ver dominando o outro. O que há de errado nessa sede por poder? Nela, em si, nada. Nem posso ou pretendo provar errônea a coluna sobre a qual ela se apóia: a convicção de se estar absolutamente certo. Em verdade, eu poderia "prová-la" errônea com justificativas, mas nada que fosse suficiente para estabelecer a convicção absoluta, a imobilidade doxástica, pois, de outro modo, eu cairia em franca contradição. Contudo, eu daria uma prova provisória. E qual seria o meu comportamento correspondente? Ora, se tenho em mãos o certo incerto, não seria sábio usá-lo como arma para socar o outro. O risco de quebrar e eu mesmo apanhar, em resposta, é co

[70] Do valor de um valor

O que poderia levar um sujeito a considerar a utilidade da vida um valor maior que a própria vida? O excesso de vaidade é uma possibilidade. A necessidade deste indivíduo de ser olhado e admirado é tão grande que ele só consegue imaginar como completamente miserável e sem sentido a vida de alguém que não é necessária ou almejada por mais ninguém. No entanto, alguém pode admirar a si mesmo, ainda que ninguém mais o admire e, assim, sentir-se necessário e útil para si mesmo. O ponto aqui a ser enfatizado é que o valor de um valor pode estar atrelado à uma necessidade ou demanda psicológica.

[69]

Apesar de um espírito cristão considerar abominável a seguinte questão, penso que seja legítimo nos questionar o valor da vida. Claro que a vida é um bem e que esperamos ter o direito a ela na maioria das circunstâncias. Ou ainda muito antes de ela ser um direito, ela é o que de mais intrínseco um sujeito tem, sobre a qual ele exerce um governo absoluto, até que uma outra força maior que a dele própria, a natureza, por exemplo, a tome de si. Sendo assim, se a vida, em princípio, pertence ao sujeito, ele pode aniquilá-la sem reprovação moral. Os cristãos não pensam assim, pois acham que a vida é dada e tirada por Deus. O suicídio é imoral por ser um ato de contestação e usurpação do poder divino. Mas deixemos de lado o cristianismo. O que eu quero mesmo saber é em quais situações um sujeito deveria considerar a sua vida sem valor. Repare que falo em dever e não em ser. Um sujeito deprimido pode sentir a sua vida sem valor, mas ele não tem qualquer razão para julgá-la sem valor. Ele apen

[68]

Quarto critério de solidão: quando o tempo lhe rouba as memórias e você perde o seu próprio passado. O presente sozinho ainda encerra a possibilidade do encontro efetivo, mas ele é sempre pouco provável.

[67] Eu não sou só introspecção

Passamos a maior parte do tempo desatentos para o que vivemos e sentimos. Ao final de um dia, são poucas as lembranças razoavelmente vibrantes que temos das quase 16 ou mais horas vividas. Assim, em um certo sentido, podemos dizer que passamos a maior parte do tempo alheios a nós mesmos. O ser humano se desconhece. No entanto, ao dizer isso, suponho que me conhecer envolveria ter consciência constante da minha própria experiência, isto é, que ao viver, eu deveria me acompanhar introspectivamente para ter uma compreensão mais clara do que sou ou vivi. Eu me pergunto se essa presença constante de si diante de si, além de impraticável, não seria também sufocante se possível. Um eu que se policia o tempo inteiro é um eu que se esmaga, sente o fardo da sua existência. Não é claro também que obtemos mais conhecimento do Eu prestando mais atenção nas experiências e nos sentimentos do que no conteúdo dessas experiência e sentimentos. Ambas as coisas parecem ter relevância. Conheço coisas difer

[66] Obter a verdade vs. obter a verdade garantidamente.

Na primeira meditação, Descartes afirma que a sua razão lhe diz para se abster de dar o seu assentimento não só a opiniões que sejam obviamente falsas, mas também a opiniões que não sejam completamente certas e indubitáveis. O corolário dessa afirmação é que, se você tem uma razão para duvidar de uma opinião, então está justificado em rejeitá-la. No entanto, Descartes não nos dá nenhuma razão para a sua afirmação inicial. Não é claro que devamos rejeitar uma opinião que não seja completamente certa. De onde provém a justificativa para este dever? Um motivo seria evitar o engano. Embora, por razões práticas, seja vantajoso evitar o engano, não é, ao mesmo tempo, vantajoso evitá-lo pelo preço de rejeitar todas as crenças incertas. Mas há razões teóricas para se evitar o engano. Se o seu objetivo é descobrir quais das suas opiniões são verdadeiras, então deve evitar o engano e, assim, rejeitar tudo que não for completamente certo. O que temos aqui é um raciocínio instrumental de adequação

[65]

Solidão fabricada: emerge quando a sua razão fica febril o suficiente para aceitar a dúvida cética. Primeiro você corta o seu contato com o mundo, expulsando-se dele. Este efeito é obtido por um processo de inflação infinita do Eu. De uma hora para outra, você se apropria do mundo no qual habita, dizendo-lhe só seu, produto da sua subjetividade. Não apenas as suas sensações e percepções são suas, o que é óbvio, mas também o conteúdo delas, o que não era óbvio. O mundo, então, diminui na medida que cresce o Eu. Você está agora sozinho no seu próprio mundo, na sua matrix. O próximo passo, já implicado pelo primeiro, é duvidar que as pessoas ao seu redor, que agora nem são mais pessoas, ao menos não com corpos, mas sim fabulações mentais, tenham uma mente, que elas tenham emoções semelhantes às suas e possam, assim, compartilhar o que você sente. Seu egoísmo com respeito ao seu, sim, só seu, mundo é tão gritante que lhe parece absurda a idéia de que outra pessoa pudesse compartilhá-lo. Se

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Terceiro critério de solidão: quando, em uma conversa, você não se sente motivado a responder o(s) seu(s) interlocutore(s), em especial se essa falta de motivação deriva do fato de você não ver sentido na conversa em curso. Essa falta de sentido, em um ambiente de conversa, lhe dá a consciência da sua estranheza e conseqüentemente a consciência da sua solidão. Quanto mais restritivo você for quanto ao que dá sentido a uma conversa, maiores as chances de vir a se sentir só. A regra de prudência aqui talvez fosse não esperar que uma conversa tenha algum sentido ou propósito.

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Segundo critério de solidão: quando a paranóia ultrapassa os níveis de normalidade, quando percebe uma intenção agressiva até no bom-dia amigo.

[62]

Um critério de solidão: quando você não pode dizer a verdade a quem está ao seu redor, qualquer que seja ela. Quanto menos puder dizer, mais só estará. Pior ainda se não puder dizer por incapacidade de compreensão do receptor.

[60]

A esperança não é um comportamento natural como a dor, ela é construída culturalmente. Um bebê já nasce com a capacidade de manifestar a dor, mas não a esperança. No entanto, a expectativa já pode ser observada na mais tenra infância e servir de base para o comportamento mais complexo da esperança. A expectativa envolve a capacidade de representar algo que não existe ou um evento que ainda não ocorreu. A expectativa desperta espanto, surpresa ou frustração quando o evento imaginando não ocorre como esperado. Ter a capacidade de pensar o futuro é uma condição necessária para a expectativa, mas não é suficiente para ela. Pode-se pensar um evento futuro sem esperá-lo. Seria, então, a presença do desejo de que o evento futuro ocorra a condição suficiente? Não estou certo, pois parece perfeitamente possível esperar um evento sem desejar que ele ocorra. A partir do que li no jornal hoje, tenho a expectativa de que fará calor amanhã. Ficarei surpreso se não fizer. Mas não desejo isso. Talvez

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O infeliz está para a esperança assim como o cego está para a bengala. No entanto, nem todo cego precisa de bengala e um não-cego pode muito bem usar uma por gosto e estilo.

[58]

Não faz muito sentido esperar ou por um evento muito pouco provável, ou por um evento muito provável, se desconsiderarmos os benefícios que se pode obter com a ocorrência do evento. Sendo assim, uma espera é mais racional quanto mais a probabilidade de ocorrer o evento esperado estiver próxima de 0.5. Mas não se trata aqui da probabilidade objetiva e sim da probabilidade estimada, ou da probabilidade de um evento ocorrer relativamente ao conhecimento que o sujeito tem. Em outras palavras, um evento pode ter a probabilidade 1, mas, para um determinado sujeito, em virtude do que ele sabe, sua estimativa pode ser de que a probabilidade deste evento ocorrer seja 0.5. É racional que ele espere a ocorrência deste evento. Outro fator que pesa sobre a racionalidade da espera é o bem ou prejuízo que a ocorrência de um evento pode acarretar para um sujeito. Novamente, devemos entender o bem/prejuízo estimados. Quanto maior o bem decorrente de um evento, mais racional é a espera pela ocorrência d

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Esperar demais aumenta a probabilidade do sofrimento futuro, ao passo que esperar de menos aumenta efetivamente o sofrimento presente. O efeito da desesperança presente pode ser contrabalanceado com a aceitação e a resignação presentes. O efeito do excesso de esperança também, se o sofrimento futuro vier a se concretizar. A desesperança pode ser diminuída pela ação. E o excesso de esperança pode ser podado pela prudência.

[56]

Esperança é uma luz muito forte que cega a caminhada, a luz da ignorância. Andar confuso e desorientado tem aqueles que se apóiam nela. Sem ela, teríamos a certeza do caminho a tomar. Um só para todos nós, a marcha terminal da humanidade. No entanto, quem já não brincou de cobra-cega e se divertiu com a inexatidão do andar, com o tropeçar sobre o amigo e o desconhecido? Vivemos, então, única e exclusivamente pela diversão da surpresa.

[55]

Quando alguém diz algo, duas coisas, no mínimo, estão envolvidas: aquilo que foi dito e o ato de dizer algo. Em se tratando de asserções, o que foi dito, supondo a bivalência, é verdadeiro ou falso. O ato de dizer não é verdadeiro, nem falso, é uma ação e, como tal, produz um efeito sobre o interlocutor. Ter ciência desse efeito tem relevância prática para a boa condução de uma discussão. Dizer para o seu interlocutor que ele é burro, quando de fato ele é burro, o que geralmente pode ser contestado, haja visto a vagueza deste predicado, pode ser uma constatação, se for verdade, mas é uma constatação que evoca reações que minam o debate. Em geral, só um tolo vai chamar outro de burro em um debate.

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Se, em uma discussão, você se vê obrigado a dizer para o seu interlocutor que ele não entende um determinado ponto, então isto é evidência de que provavelmente você mesmo não tem clareza sobre este ponto e, por isso, não conseguiu fazer com que o seu interlocutor o entendesse. Aplicar o benefício da dúvida tem a desvantagem de tornar a argumentação mais árdua, mas a vantagem correspondente é tornar o argumento mais forte.

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Reinventar a roda pode não ser muito construtivo e interessante no mundo empírico, pois isso implica em desperdiçar recursos materiais e humanos. Mas no mundo das idéias faz todo o sentido. Em primeiro lugar, porque uma idéia sempre vem em um invólucro. Raramente você vai reinventar a mesma idéia usando o mesmo invólucro. Invólucros são pessoais, ainda que objetivos e inteligíveis. No entanto, algumas pessoas assimilam melhor algumas idéias com certos invólucros do que com outros. Logo, quanto mais invólucros uma idéia tiver, tanto mais acessível ela será. Em segundo lugar, porque reinventar a idéia dá àquele que a reinventa uma domínio maior sobre a "tecnologia" da idéia do que aquele que simplesmente lê a idéia em algum lugar. Quem lê recebe a idéia passivamente. Quem pensa a recebe ativamente. É a diferença entre achar que sabe andar de bicicleta por observar alguém andando e realmente saber andar por ter andado. É preciso viver uma idéia para poder perceber bem todos os